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GRUPOS DE TRABALHO/ EIXOS TEMÁTICOS
1. Resistências à escravidão e lutas no Pós-Abolição: mulheres  negras, territórios e sociabilidades
Coordenação: Silvane Silva (PUC/SP) e Danilo Luiz Marques (PUC/SP)
Este eixo temático pretende agregar pesquisas que discutam as experiências de mulheres negras, relacionando com territórios e sociabilidades. Serão aceitos trabalhos que abordem escravidão e pós-abolição (entendido aqui como o período que se inicia com a abolição em 1888, e que só se esgotará quando a dívida social consequente de séculos de escravidão for superada). Deste modo,
privilegia-se estudos sobre formação de quilombos, territórios e territorialidades negras em espaços rurais e urbanos, disputas entre comunidades negras, roceiros, quilombolas, trabalhadores rurais e fazendeiros. Operando de maneira interdisciplinar, serão bem vindas investigações sobre indivíduos, populações e comunidades negras desde o século XIX até a atualidade, no campo e na cidade. Buscamos, assim, constituir um ambiente onde o diálogo viabilize pensar a história, a memória, a cultura, as experiências, vivências e cosmogonias dos povos de matrizes africanas frente ao racismo e antirracismo, pondo em pauta questões referentes à temática étnico-racial na sociedade brasileira, especialmente aquelas protagonizadas por mulheres.

2.  Cosmovisões
Coordenação: Adriana Maria de Souza da Silva (PUC/SP) e Bruno Garcia (PUC/SP)
O eixo temático “Cosmovisões”, visa refletir sobre as diversas e subjetivas formas de apreender a realidade e conceber o mundo a partir das práticas herdadas dos povos de culturas africanas, indígenas e afrodiaspóricas. Para tanto, serão abordados temas que implicam as relações humanas e os papéis dos indivíduos na sociedade; a busca a respostas para questões essenciais, como a finalidade da existência dos seres ou a concepção e o entendimento da morte e do tempo; a relação dos seres com a Natureza; o protagonismo feminino em práticas de matrizes indígenas e/ou africanas; o papel dxs educadores em um Estado laico e plural enquanto formadorxs na sociedade contemporânea; o papel dxs orientadores espirituais ou líderes religiosxs como babalorixás, iyalorixás, pajés, xamãs, ervateirxs e benzedeirxs; bem como os desafios e dilemas encontrados pela comunidade educacional, frente a grupos religiosos neopentecostais organizadxs politicamente, cujas orientações sobre gênero, religião e família se respaldam em interpretações doutrinárias ultraconservadoras. O intuito deste GT é compartilhar estudos que suscitem vivências e experiências marcadas por cosmovisões que tem contribuído para a formação de identidades positivamente afirmadas.

3. Feminismos Negros: Significados de emancipação e Deslocamentos de Mulheres Negras
Coordenação: Cristiane Mare da Silva (PUC/SP) e Carol Lima de Carvalho (PUC/SP)
Este Seminário Temático tem como finalidade reunir pesquisas literárias, artísticas, ativistas, históricas, acerca das trajetórias de mulheres negras na diáspora africana e igualmente os múltiplos significados de emancipação, na vida destas mulheres. Os legados de suas experiências nos permitem produzir e avançar na elaboração de epistemologias que tem como lócus o descentramento da Europa e de lógicas racistas, sexistas, patriarcais e heteronormativas. Se historicamente os espaços geopolíticos ocupados por elas têm sido as margens, seus deslocamentos e performances nos mostram que não foram silenciadas. Seus corpos e narrativas vem ressignificando e transformado terrenos áridos em projeções políticas para elaboração de práticas libertadoras, em cenários para reflexões teóricas que  tencionam/transgridem práticas educativas nos mais diversos campos do conhecimento. Neste sentido, pretendemos compreender as condições que configuram estes discursos feministas negros/ experiências/ trajetórias, suas pautas e diferentes modos de resistências, apontando para rupturas epistêmicas, na tentativa de tecer interlocuções que articulem aspectos multidisciplinares, interseccionais e geopolíticos referentes aos Saberes produzido por mulheres negras. Em razão das pluralidades que abarcam os chamados Feminismos negros, convidamos as pesquisadoras, estudantes, ativistas e demais interessadas a compartilharem seus trabalhos nas múltiplas direções abertas pelas feministas negras em diferentes áreas do conhecimento, refletindo sobre discursos, performances, diversas linguagens por meio das quais mulheres negras vêm afrontando o mundo que as cercam, em vias de traduções. Negritar as potências e desafios das lutas e narrativas de nossas mulheres é crucial, pois amplia e fortalece as construções de mulheres negras como protagonistas de sua história.
 
4. Estéticas negras: expressões culturais, narrativas decoloniais.
Coordenação: Beatriz Santana (PUC/SP), Raphael Amaral (PUC/SP) e Renata Santos (PUC/SP).
As inúmeras expressões culturais negras cruzam continentes por rotas multidirecionais e fomentam variadas afirmações estéticas relacionadas à negritude. Segundo bell hooks, estética é “mais do que filosofia ou teoria da arte e beleza; é uma forma de espaço inabitado, uma localidade particular, um modo de olhar e se tornar. Não é orgânico” (HOOKS, 1995). Se performance, música, dança, teatro e outras artes possuem um alcance estético de mais ampla disseminação, é possível notar também determinadas peculiaridades estéticas nas culturas negras em elementos que não visam se afirmar por vias artísticas, como religiosidades, composições pictóricas, indumentárias, adornos, instrumentos musicais e dinâmicas corporais. Ainda assim, especificamente nas artes visuais, se há evidentes divergências entre o congolês Chéri Samba, o estadunidense Jean-Michel Basquiat e o ganês radicado em Londres Neequaye Dreph Dsane, notam-se também intersecções que sugerem uma visualidade característica de expressões culturais da negritude. Deve-se sempre, entretanto, considerar as variações que existem na estética negra em si. Se interpretações eurocêntricas padronizam e agrupam  as obras do nigeriano Lemi Ghariokwu e as máscaras pwo do povo chokwe  de Angola, rotulando-as meramente como “arte negra”, Kabengele Munanga alerta que a problemática central “é conceber a arte africana inserida em um contexto próprio e diferente dos pensamentos da história da arte convencional ou ocidental. Não se pode perder de vista que as obras africanas estão orientadas para especificidades de sua cultura” (MUNANGA; AJZENBERG, 2009). As identidades negras possuem historicidade e se alteram ao longo do tempo, expressando diferentes estéticas em formações sociais diversas pelo planeta. Dessa forma, descartados essencialismos identitários, e considerando que as narrativas decoloniais contestam estereotipias e enquadramentos eurocêntricos, quais são as possibilidades da afirmação de um conceito de estéticas negras que não reproduzam pelo inverso generalizações sobre as culturas dos povos impactados pela diáspora negra?

5.Emancipações e Pós-Abolição: organizações, trajetórias e protagonismos negros
Coordenação: Karla Leandro Rascke (PUC/SP) e William Robson Lucindo (UNICAMP)
O presente eixo temático busca contribuir para os debates da historiografia da escravidão e pós-abolição, através das experiências de populações “de cor” no contexto do abolicionismo e do pós-Abolição. Considera-se o pós-Abolição tanto um conceito e quanto um marco temporal, conforme apontam Frederick Cooper, Rebecca Scott, Thomas Holt, um problema histórico que remete a atualização das hierarquias sociais por meio da racialização de identidades, como afirmam Hebe Mattos e Ana Lugão, e,ainda, um campo de estudo preocupado em analisar a extensão e a limitação da cidadania com o fim do regime escravista, de acordo com Karl Monsma, Beatriz Loner, Flávio Gomes, Petrônio Domingues, Wlamyra Albuquerque, Maria Helena Machado. Neste sentido, interessa-nos congregar pesquisas que permitam refletir as configurações sociais no processo emancipacionista, nos anos imediatos após a Abolição da escravatura e nas formações de associações e organizações de afrodescendentes, sejam elas políticas, culturais, beneficentes, recreativas e religiosas. Desejamos aprofundar a compreensão sobre a participação de pessoas escravizadas, libertas e livres “de cor” em lutas emancipatórias antes da assinatura da Lei Áurea; trabalho escravo, compulsório e livre no contexto do processo abolicionista e no pós-Abolição; a luta por direitos e cidadania; os múltiplos significados de liberdade; o processo de racialização das identidades; as relações das populações negras com outros grupos etnicorraciais; a participação negra na política institucional; as diferentes formas de lutas antirracistas; a formação e consolidação de organizações negras; a invisibilidade e visibilidade da cor de pele nas relações sociais; e as interseccionalidades entre raça, gênero e classe.

6. Ações Afirmativas
Coordenação: Evellin Silva Oliveira (UFABC) e Josefa Neves Rodrigues (PUC/SP)
O eixo temático Ações Afirmativas tem o objetivo em debater as políticas afirmativas para a população negra, buscando aprofundamento teórico e metodológico e atualização da produção de conhecimento do referido tema. É importante ressaltar que o debate de políticas de ação afirmativa não se restringe somente ao sistema de cotas, apesar de ser a modalidade mais debatida, no cenário atual. Apesar de já terem se passado mais de 10 anos, faz-se mister discutir formas e inserção e cumprimento da Lei 10639, principalmente por estarmos em um cenário político que está em vigência a Década Internacional do Afrodescendente, que visa implementar diversas ações para impulsionar a diminuição da desigualdade racial brasileira. A produção acadêmica nessa temática se renova a todo instante, e por isso é pertinente os diferentes pontos de vista e pesquisa, como estão sendo aplicados e quais são os seus impactos politicamente, socialmente e institucionalmente.
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